A ligação entre a Arte Rupestre do Vale do Côa e os Petróglifos de Bangudae (Coreia do Sul) desenvolve-se desde 2015, tendo por base o grande interesse que neste país asiático o chamado caso do Côa desperta. Esse interesse tem como ponto de partida o facto do sítio de arte rupestre de Bangudae, o mais importante na Península Coreana, ficar submerso periodicamente pelas águas duma barragem construída antes da descoberta dos motivos gravados. Para além da subida sazonal desta albufeira causar graves problemas de conservação para a arte rupestre, tal submersão não permite, já que está em causa a integridade dos motivos rupestres, aspirar à inclusão do Bangudae na Lista do Património Mundial UNESCO, como pretendem as autoridades sul-coreanas.
Assim, buscando inspiração no caso do Côa, em que se interromperam as obras de construção de uma grande barragem para que se preservasse a arte rupestre ali descoberta, tendo o processo culminado em 1998, com a classificação da Arte do Côa como Património Mundial UNESCO, o Museu de Ulsan, em parceria com o Museu do Côa, apresenta este ano a exposição especial “The Côa Story, leading to the Bangudae” (“A História do Côa até Bangudae”) que percorre, de forma pormenorizada, todos os momentos e intervenientes fundamentais que marcaram aquela luta histórica.
Todos responsáveis coreanos expressam o maior interesse e apreço pelo chamado “milagre do Côa” que permitiu a salvaguarda da arte pré-histórica. Esta cidade sul-coreana de Ulsan, com uma população de 1,2 milhões de habitantes, é o maior centro industrial do país aí se concentrando um importante pólo de construção automóvel e naval, para além duma das maiores refinarias mundiais. A água, em Ulsan, é um recurso precioso, destinado ao consumo humano, mas também indispensável para toda esta actividade industrial. Apesar da complexidade técnica e custos associados, foi nesta ocasião anunciado um acordo entre o governo central e as autoridades autárquicas de Ulsan que permitirá o abaixamento faseado do nível da albufeira para uma cota que colocará permanente fora do seu alcance o painel gravado de Bangudae, criando assim condições óptimas para a sua conservação e preparação do dossier de candidatura a Património Mundial. Para os responsáveis sul-coreanos não restam dúvidas: o “Caso do Côa” foi determinante para esta histórica tomada de decisão.