A Leap in Time
Exposição de Cristina Rodrigues
Fotos de produção e da obra de arte instalada no Museu do Côa ©Marco Longo
Exposição
A Leap in Time
O tempo é uma dimensão inventada pela Humanidade para explicar um fenómeno de que somos meros espectadores. Não conseguimos influenciá-lo, submetê-lo aos nossos desideratos. A História e a Arqueologia são disciplinas que permitem à Humanidade viajar através do tempo para conhecer os hábitos dos seus antepassados e, com este conhecimento, estabelecer uma relação entre o passado e o presente, de forma a construir um futuro consequente e informado.
Vila Nova de Foz Côa, mais do que um lugar, é um wormwhole que nos permite viajar na História, engolfando-nos numa galeria ao ar livre com mais de 1000 rochas com manifestações rupestres, identificadas em mais de 80 sítios distintos, sendo predominantes as gravuras paleolíticas executadas há cerca de 30 mil anos.

© Marco Longo
Nas palavras do Presidente da Fundação Côa Parque, Dr. João Paulo Sousa,
Do Paleolítico à Pós-modernidade. Da arte lúcida e encurvada à pós-produção artística do instante da eternidade e da perfeição. A arte paleolítica enquanto ritual mágico, abstrato, é o sussurro da alma em cores, formas e melodias do pós-modernidade.
Tal como há 30 milénios a cabra montesa foi um dos motivos centrais das representações rupestres, A Leap in Time (um salto no tempo) foi pensada como uma representação contemporânea do mesmo animal. O gesto criador que o Homem exerceu ao inscrevê-lo na pedra inspirou Cristina Rodrigues a desenhar na paisagem um conjunto de 24 cabras em ferro. No passado as formas deste animal foram gravadas de forma bidimensional. No presente as formas são tridimensionais e registadas através de esculturas, em diferentes posições e movimentos. Num total de 24 cabras montesas, uma por cada hora do dia. O tempo representado no veículo, sempre pontual, que é a História.

© Marco Longo
Nas palavras da Arqueóloga Dalila Correia:
Mais do que um legado ancestral, o Côa é um território de criação contínua. Uma linha ininterrupta entre o que fomos, o que somos e o caminho que podemos trilhar. A Leap in Time, da artista Cristina Rodrigues, é mais do que instalação artística contemporânea, é a continuidade de um impulso criativo com 30 mil anos de história da Humanidade no Vale do Côa. Cada traço gravado no Côa lembra-nos: o que criamos hoje pode atravessar o tempo e transformar o amanhã.
O Vale do Côa foi classificado como Património Mundial pela UNESCO em 1998. A UNESCO reconhece a criatividade como um importante recurso que gera benefícios económicos e que melhora a qualidade de vida das sociedades. Assim sendo, a arte tem um papel fundamental enquanto promotor da criatividade, da partilha de conhecimento e da diversidade cultural.
Nota Bibliográfica
Cristina Rodrigues é uma artista plástica portuguesa nascida em 1980, na cidade do Porto. Aí estudou e começou a sua carreira profissional como arquiteta, mudando-se mais tarde para Lisboa e depois para o Algarve. Em 2009 emigrou para Manchester, Reino Unido, onde foi investigadora e docente na Manchester School of Art, da Manchester Metropolitan University (2010 – 2015).
Cristina Rodrigues é Doutora em Arte e Design pela Manchester School of Art (2016), M. Phil em História Medieval e do Renascimento pela Universidade do Porto (2007) e Licenciada em Arquitetura pela Universidade Lusíada (2004).
O seu trabalho artístico foi apresentado na Europa, Ásia e América do Sul em diversas exposições a solo. Estas mostras incluem: Blossom (2023), na AP’ARTE Galeria, no Porto; Mordomas (2022), no Museu Municipal de Caminha; Clamor da Maré Cheia (2021), no Jardim do Museu Nacional de Arqueologia – Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa; no Cais da Alfândega Régia de Vila do Conde; no Mosteiro de Santo André de Ancede, em Baião; e junto ao Fórum Cultural de Ermesinde; Travessia (2020), no Centro de Cultura Contemporânea, em Castelo Branco; A Casa é a Catedral da Vida (2019), no MATADERO, em Madrid, Espanha; O Horizonte (2019), na Quinta da Cruz – Centro de Arte Contemporânea, em Viseu; Ecos do Mar (2018), no The Hillside Forum, em Tóquio, Japão; O Sudário (2017-2018), no MATADERO, em Madrid, Espanha; O Reino dos Céus (2017), na Catedral de Manchester, Reino Unido; Retrospectiva (2017), no Centro de Cultura Contemporânea, em Castelo Branco; O Sudário, na Colombo Art Biennale 2016, na Catedral de Colombo, no Sri Lanka; e A Paixão (2016), uma exposição distribuída por cinco dos mais icónicos monumentos de Sevilha, em Espanha: Fundação Valentín de Madariaga y Oya; Pavilhão de Portugal; Universidade de Sevilha; Casa de la Provincia e o Real Alcázar de Sevilha.
Várias obras da artista plástica integram coleções de museus e entidades públicas, nomeadamente: a Catedral de Manchester e o Cheshire East Council, no Reino Unido; a Cultura Madrid (Ayuntamiento de Madrid) e a Acción Cultural Española (AC/E), em Espanha; o Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso; o Município de Cascais; o Município de Castelo Branco; o Município de Viseu; o Município de Vila do Conde; o Município de Baião, o Município de Valongo, o Município de Caminha e o Estado Português. Recentemente, Memórias do Mar, composta por três instalações suspensas a partir do teto, foi encomendada pelo grupo holandês VIA Outlets e está em exposição permanente no Vila do Conde Porto Fashion Outlet desde abril de 2021. A autora produziu ainda obras públicas para clientes corporativos, tais como: Licor Beirão (Grupo J. Carranca Redondo, Lda.), Ferreira de Sá Rugs, FLY London (Grupo Kyaia), Vila do Conde Porto Fashion Outlets (Grupo Holandês VIA Outlets), ASCENDI, ou SPV – Sociedade Ponto Verde.
Com as suas criações, Cristina Rodrigues cria narrativas imaginárias que ligam a sua história pessoal, enquanto mulher portuguesa num contexto global, a um fantástico mundo de simbolismos. As suas instalações de arte partem da inspiração local para atingir um significado universal e conduzir o espectador contemporâneo através de um percurso transcultural e transtemporal.




