Em 2018 a autora realizou uma visita à mina de prospeção aurífera em Freixo de Numão, no que inicialmente seria apenas uma ação de divulgação ou conhecimento do promotor MINAPORT.
Equipada apenas com o seu telemóvel começou a registar o percurso no interior da terra e inesperadamente começou a sentir o tempo a parar. Cada momento transformou-se na descoberta de sombras, cores, formas e gravuras que se manifestaram assim como pinturas ou esculturas há milhões de anos fechada na profundeza da terra. A abertura da mina funcionava agora como uma inauguração de uma galeria de arte com holofotes e luzes de flash.
Nos espaços do Restaurante Coa Museu a partir de 19 de dezembro de 2023, serão apresentadas 41 peças fotográficas que tentam transmitir e melhor expressar os momentos que o percurso então feito na mina, permitiu experienciar. A exposição apresenta-se preenchendo as paredes da cafetaria e da sala de refeições de forma quase linear, mostrando a entrada na mina e as primeiras impressões de alteração do espaço e da luminosidade, seguindo pela perceção dos rastos e cicatrizes da intervenção humana na procura dos minerais, até à descoberta das “obras de arte” nas superfícies e recantos das sombras e do tempo. Momentos.
No paleolítico as gravuras já manifestavam a necessidade humana de registar e marcar no tempo uma ideia pela imagem.
No advento da fotografia, foi esta nova técnica ou disciplina artística descrita como “Lápis na Natureza”, mas nada mais é que uma forma de fazer o mesmo.
A Fundação Côa Parque ao promover esta exposição, mais uma vez reconhece que a arte relaciona momentos mesmo que separados por milénios.
Por outro lado, a artista sente que roubou estas imagens do interior das terras do Côa e por isso ao expor aqui como que as devolve ao seu verdadeiro lugar.