Alicerçada na mais antiga região vinícola demarcada do mundo – o Douro, região laureada por dois patrimónios da humanidade atribuídos pela UNESCO e mundialmente reconhecidos quer pela sua paisagem vinhateira, quer pelo património arqueológico do vale do côa (o maior santuário de gravura paleolítica do mundo), o Douro é palco também na contemporaneidade, de um dos maiores eventos de arte gráfica do mundo, reunindo dentro de si, uma força e dimensão que ultrapassa as fronteiras do país e se projeta para horizontes infinitos.
Perseguindo este propósito e ambição alcançada, a Bienal do Douro tem vencido os desafios da interioridade, da crise económica, da crise cultural, da própria crise da gravura e tem sabido manter vivos os pressupostos da arte e a autonomia da gravura no contexto da arte contemporânea. Para tal, muito têm contribuído os tributos da gravura tradicional e as suas alquimias seculares, mas não menos importantes, das renovadas tendências da gravura digital e dos novos media ao seu dispor, no sentido de lhe conferir a autonomia que ela necessita para subsistir. O campo aberto à gravura pelas novas linguagens híbridas e técnicas não tóxicas, têm projectado o seu impacto de uma forma inovadora e com a vitalidade há muito desejada nos seus domínios.
Assumindo a responsabilidade de ser a única Bienal de obra gráfica do país, a sua evolução desde a sua origem em 2001, colocam-na hoje num patamar inimaginável a par das mais importantes Bienais do mundo. A comprovar tal fasquia, salientam-se os artistas homenageados mundialmente reconhecidos como Antoni Tàpies, Paula Rego, Vieira da Silva, Octave Landuyt, Gil Teixeira Lopes, Nadir Afonso, Bartolomeu dos Santos, Júlio Pomar, José de Guimarães, Silvestre Pestana, José Rodrigues, Ângelo de Sousa, Júlio Resende, Sá Nogueira, Graça Morais, Cruzeiro Seixas, Henrique Silva, Fernando Lanhas, Lima de Freitas, Irene Ribeiro, Herten, iuji Hiratsuka, Noguchi Akèmi, Masataka Kuroyanaga, Tomiyuki Sakuta e Weisbuch. Também projetada pela presença de artistas de renome de mais de 100 países de todos os continentes.
Nuno Canelas – Diretor e Curador da Bienal
