Paula Rego (1935-2022) é uma das artistas portuguesas contemporâneas mais conhecidas mundialmente. Residiu e trabalhou em Londres, cidade onde estudou pintura, na Slade School of Fine Art, entre 1952-1956, desenvolvendo uma linguagem figurativa pessoal. Será através do vasto universo das histórias — dos contos tradicionais portugueses aos contos de fadas; da literatura portuguesa e inglesa, das peças escritas para teatro ou das adaptações destas histórias para o cinema de Walt Disney — que a sua pesquisa figurativa pela via da fantasia e da imaginação ganha, na sua obra, uma importância maior.
A sua personalidade insubmissa e o combate por uma liberdade de expressão levaram-na a declarar a sua independência dos movimentos artísticos do seu tempo e a uma redefinição constante da sua linguagem figurativa. Este traço distintivo obrigou-a a uma constante subversão das convenções e dos limites impostos por uma qualquer tradição artística ou condicionantes próprios de uma técnica específica.
Esta exposição apresenta obras do período do reconhecimento e afirmação de Paula Rego em Londres, durante os anos 1980, e desenvolve-se a partir da apresentação de trabalhos que justificaram o reconhecimento internacional da artista, incluindo séries referenciais do seu percurso, como as litografias de Jane Eyre ou o conjunto de gravuras e pinturas “Sem título”, de 1998–2000, mais comummente conhecido como a série do aborto.
Propõe-se, assim, uma abordagem diferente à obra da artista, destacando períodos-chave da construção do seu universo figurativo, dando um particular realce à sua obra gravada, relacionando-a diretamente com o propósito indutor do Museu do Côa.
Curadoria: Catarina Alfaro