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I Encontro Nacional de Arte Pré-histórica
Outubro 9, 2019 @ 9:30 am - 6:00 pm
Foi desde há c. de 35.000 anos, já no Paleolítico Superior, que seres humanos já anatomicamente semelhantes a nós, mas ainda caçadores-recolectores, começaram a produzir a maior parte das imagens rupestres que chegaram até nós. Estas correspondem, grosso modo, à representação de grandes animais, um tipo de arte que perdurará até ao final do Paleolítico Superior, há cerca de 11.800 anos, encontrando-se sobretudo no interior de grutas e abrigos ou sob suportes móveis em pedra, osso ou haste de animal, em grande medida devido à provável erosão de representações gravadas ou pintadas em suportes ao ar livre. Existem, no entanto, importantes exceções ao ar livre, designadamente nas bacias do Tejo, do Guadiana e do Douro, sendo a concentração de sítios que se encontra no vale do Côa a mais espantosa manifestação desse tipo de sítios. Deste período conhecemos ainda em Portugal alguns exemplos, quer a norte, quer mais a sul, designadamente no interior da gruta do Escoural.
Depois do final do Paleolítico superior e até ao final da Idade do Bronze em Portugal, c. de 800 A. C., de quando datam os primeiros relatos escritos sobre a Península Ibérica, os seres humanos continuam a produzir imagens, já muito diferentes das anteriores, passando o repertório a ser dominado por uma temática abstrata e por representações altamente estilizadas de animais e, mais tarde, sobretudo, de humanos. Também desta arte pré-histórica das primeiras comunidades produtoras do país, tem o país excelentes exemplos distribuídos por todo o território nacional. Entre estes destaque-se a arte megalítica, presente quer em menires, quer no interior dos dólmenes, os abrigos pintados com arte esquemática, as grandes concentrações de arte esquemática gravada no fundo dos vales dos grandes rios ou nos cimos de planalto e colinas, as estátuas-menires e estelas gravadas ou ainda os ídolos e idoliformes insculpidos em pedra, osso ou marfim do Neolítico e Calcolítico ibéricos.
Pese a quantidade e diversidade deste recurso patrimonial no país, e pese ainda o facto de alguns dos sítios ou objetos referidos estarem preparados para usufruto público, a verdade é que, com exceção da arte do Vale do Côa, o público não tem consciência da importância e, por vezes, mesmo da existência deste importante património. Numa altura em que o sector do turismo adquire cada vez mais importância, sendo fundamental a diversificação da oferta, o turismo cultural reveste-se de uma enorme importância, com capacidade para influir nas dinâmicas económicas e sociais das regiões. Importa, portanto, sensibilizar e criar um público para este património.
O I Encontro Nacional de Arte Pré-Histórica, a decorrer no Museu do Côa no próximo dia 9 de outubro – que assinala, pela primeira vez, o Dia Europeu da Arte Rupestre –, surge num momento em que um conjunto alargado de entidades representativas do território nacional, com responsabilidades na gestão do património e na investigação arqueológica, iniciaram já o processo de constituição da Rede Nacional de Arte Pré-Histórica, e pretende ser mais um ator nesse desígnio de educar para o conhecimento e fruição de conteúdos culturais.
Nesta primeira edição pretendemos dar a conhecer alguns dos sítios mais emblemáticos de Arte Pré-Histórica Portuguesa, reforçando assim os esforços de aproximação institucional que têm vindo a ser desencadeados.